As Aventuras de Sherlock Holmes - Volume 4
Sherlock Holmes
Capítulo 4
As Aventuras de Sherlock Holmes
A Aventura da Coroa de Berilos
“E, na verdade, não é de admirar que um homem como Sir George Burnwell tivesse tanta influência sobre ele, pois ele frequentemente o levava à minha casa e percebi que eu mesmo mal podia resistir ao fascínio de sua pessoa. Ele é mais velho do que o Arthur, é um homem vivido, que já esteve em toda parte, já viu de tudo, tem uma conversa brilhante e grande beleza pessoal. No entanto, quando penso nele friamente, longe da magia de sua presença, tenho a certeza, observando seu jeito cínico de falar e a expressão que às vezes vejo em seus olhos, que ele é alguém de quem se deve suspeitar profundamente. É isso o que penso e também… minha querida Mary, com sua intuição feminina em relação ao caráter das pessoas.
“Agora só falta descrever a Mary. Ela é minha sobrinha, mas, quando o meu irmão faleceu cinco anos atrás e a deixou sozinha no mundo, eu a adotei e desde então a considero minha filha. É um raio de sol em minha casa. É doce, adorável, bonita, excelente dona de casa e ainda é tão meiga, tranquila e gentil quanto uma mulher pode ser. Ela é o meu braço direito, não sei o que faria sem ela. Só num assunto ela foi contra os meus desejos. Por duas vezes já o meu rapaz a pediu em casamento, pois a ama devotadamente, mas nas duas vezes ela o recusou. Acho que, se existisse alguém que poderia colocá-lo no bom caminho, seria ela, e que o casamento poderia mudar toda a vida dele. Mas, meu Deus, é tarde demais! É tarde demais!
“Agora, senhor Holmes, já conhece as pessoas que moram sob o meu teto e eu posso continuar a minha triste história.
“Quando tomávamos café na sala aquela noite, após o jantar, contei a Arthur e Mary o que havia acontecido comigo e que o valioso tesouro estava naquele momento sob nosso teto, omitindo apenas o nome do meu cliente. Lucy Parr, que trouxe o café, saiu da sala, tenho certeza, mas não posso jurar se a porta estava fechada. Mary e Arthur ficaram muito interessados e quiseram ver a famosa coroa, mas achei melhor não mexer nela.
“‘Onde a guardou?’, Arthur perguntou.
“‘Numa gaveta da minha cômoda.’
“‘Bem, espero que não ocorra nenhum roubo em casa hoje à noite,’ disse Arthur.
“‘Está trancada,’ comentei.”
Continua…