As Aventuras de Sherlock Holmes - Volume 3
Sherlock Holmes
Capítulo 3
As Aventuras de Sherlock Holmes
A Aventura da Coroa de Berilos
“Ao perceber que o meu cliente para ir embora, não falei mais nada. Chamei o caixa e mandei que pagasse a quantia de 50 mil libras em notas de mil. Quando fiquei novamente sozinho, porém, com o precioso porta-joias à minha gente, não pude deixar de pensar com algum receio na imensa responsabilidade que aquilo representava para mim. Não havia dúvidas de que, já se tratava de um bem nacional, seria um escândalo terrível se uma desventura qualquer acontecesse com a joia. Eu já estava arrependido de ter consentido em ficar com ela. Mas era tarde demais para mudar de ideia, por isso tranquei o porta-joias no meu cofre pessoal e voltei ao trabalho.
“Quando o dia terminou, achei que não seria prudente deixar um objeto tão valioso no escritório. Cofres de banqueiros já haviam sido arrombados no passado, por que não aconteceria o mesmo com o meu? Se isso acontecesse, em que posição terrível eu me encontraria! Decidi, portanto, que nos dias seguintes levaria o porta-joias comigo de um lado para o outro, de modo que a coroa nunca ficasse de fato fora do meu alcance. Com essa intenção, chamei uma carruagem de aluguel e fui para a minha casa em Streatham, carregando a joia comigo. Não respirei tranquilo enquanto não a levei para os meus aposentos no andar de cima e a tranquei na cômoda do meu quarto de vestir.
“Agora preciso dizer algo sobre a minha casa, senhor Holmes, pois quero que compreenda bem a situação. O meu camareiro e o meu lacaio dormem do lado de fora e podem ser deixados de lado completamente. Tenho três criadas que estão comigo há vários anos e são de absoluta confiança. Outra, Lucy Parr, só trabalha para mim a alguns meses. Ela é muito bonita e tem atraído muitos admiradores, que ás vezes ficam rondando a casa. Esse é único defeito que encontrei nela, mas acredito que seja uma boa moça em todos os sentidos.
“E é isso, quanto aos empregados. A minha família, em si, é tão pequena que não levarei muito tempo para descrevê-la. Sou viúvo e tenho um filho único, Arthur. Ele tem sido uma decepção para mim, senhor Holmes, uma grande decepção. Não tenho dúvida de que a culpa é minha. Todos dizem que eu o estraguei. É bem provável que seja verdade. Quando a minha querida esposa faleceu, senti que ele era tudo que me restava para amar. Não suportava ver o sorriso desaparecer de seu rosto nem por um instante. Nunca lhe neguei coisa alguma. Talvez tivesse sido melhor para nós dois se tivesse mais rigoroso, mas eu só queria o bem dele.
“Naturalmente, a minha intenção era que ele herdasse o meu negócio, mas ele não tinha inclinação para negócios. Era muito instável, muito amalucado e, para dizer a verdade, eu não podia confiar a ele grandes somas de dinheiro. Ainda muito jovem, ele se tornou sócio de um clube bastante aristocrático onde, com seu modo charmoso, logo ficou íntimo de homens com muito dinheiro e hábitos extravagantes. Aprendeu a jogar cartas com apostas bem altas e a esbanjar em cavalos, até que teve que vir a mim repetidas vezes implorando que adiantasse algum dinheiro de sua mesada para pagar dívidas de jogo. Mais de uma vez ele tentou largar a companhia perigosa dessas pessoas, mas todas vezes a influência de seu amigo, Sir George Burnwell, bastou para leva-lo de volta.