As Aventuras de Sherlock Holmes - Capítulo 10
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– Deu ordens para que Arthur fosse solto, não é, papai? – ela perguntou.
– Não, não, minha filha, temos que levar essa investigação até o fim.
– Mas tenho certeza de que ele é inocente. Você sabe como são os instintos de uma mulher. Sei que ele não fez nada de errado e que você vai se arrepender de ter sido tão implacável.
– Por que ele ficou calado, então, se é inocente?
– Quem sabe? Talvez porque tenha ficado muito zangado por você ter suspeitado dele.
– Como poderia deixar de suspeitar dele se o vi com a coroa nas mãos?
– Ora, mas só a pegou para olhar. Por favor, acredite em mim, eu sei que ele é inocente. Deixe isso de lado, não fale mais nada. É horrível pensar em nosso querido Arthur na prisão
– Não vou deixar nada de lado até as pedras preciosas serem encontradas. Jamais, Mary! A sua afeição pelo Arthur a está deixando cega enquanto às terríveis consequências para mim. Em vez de abafar o assunto, eu trouxe um cavalheiro de Londres para fazer uma investigação mais minuciosa.
– Este cavalheiro? – ela perguntou, virando-se para mim.
– Não, o amigo dele, que quis ficar só e agora está andando pela vereda da estrebaria.
– Pela vereda da estrebaria? – Ela ergueu as sobrancelhas escuras. – O que espera encontrar lá? Ah! Suponho que o tal amigo seja este senhor. Espero que consiga provar aquilo que tenho certeza de que é a verdade, isto é que o meu primo Arthur é inocente desse crime.
– Concordo inteiramente com a senhora e espero, tanto quanto a senhora, poder prová-lo – disse Holmes, voltando ao capacho para tirar a neve dos sapatos. – Creio que tenho a honra de me dirigir à senhorita Mary Holder. Posso lhe fazer uma ou duas perguntas?
– Certamente, senhor, se for para ajudar a esclarecer esse mistério horroroso.
– Não ouviu nada na noite passada?
– Nada, até meu tio começar a falar em voz alta. Ouvi isso e desci.
– Você fechou todas as portas e janelas na noite anterior. Trancou todas as janelas?
– Sim.
– Estavam todas trancadas esta manhã?
– Estavam.
– A sua criada tem namorado? Acho que comentou com seu tio, na noite passada, que ela saiu para vê-lo.
– Sim. Foi ela quem nos serviu na sala e que talvez tenha ouvido os comentários do meu tio sobre a coroa.
– Entendo. Está sugerindo que ela poderia ter saído para contar ao namorado e que os dois podem ter planejado o roubo.
– Mas de que adiantam todas essas teorias vagas – reclamou o banqueiro com impaciência – quando eu já disse que vi Arthur com a coroa nas mãos?
– Espere um pouco, senhor Holder. Voltaremos a esse ponto. A respeito dessa moça, senhorita Holder. Você a viu voltar pela porta da cozinha, eu presumo?
– Sim. Quando fui verificar se a porta estava trancada, encontrei-a entrando sorrateiramente. Também vi o homem, na escuridão.
– A senhora o conhece?
– Ah, sim. É o rapaz que traz as nossas verduras. O nome dele é Francis Prosper.
– Ele estava – disse Holmes – à esquerda da porta, isto é, tinha ido mais longe no caminho do que era necessário para alcançar a porta?
– Sim.
– É um homem que tem uma perna de pau?
Algo parecido com o medo invadiu os expressivos olhos escuros da moça.
– O senhor deve ser um bruxo – ela disse – Como sabe disso? – Ela sorriu, mas o rosto magro do Holmes continuou completamente sério.
– Agora, eu gostaria muito de ir lá em cima – ele pediu. – provavelmente vou querer examinar o lado de fora da casa de novo. Talvez seja melhor eu dar uma olhada nas janelas daqui de baixo antes de subir.
Ele foi rapidamente de uma a outra, parando apenas na janela grande que dava do saguão para a vereda da estrebaria, a qual abriu e examinou cuidadosamente o peitoril com sua poderosa lupa.
– Agora vamos subi – ele disse.
O quarto de vestir do banqueiro era mobiliado com simplicidade. Tinha um tapete cinza, uma grande cômoda e um espelho comprido. Holmes foi primeiro até a cômoda e examinou a fechadura.
– Qual foi a chave usada para abri-la? – ele perguntou.
– Aquela que meu filho mesmo indicou, a que serve no armário de depósito de lenha.
– E onde está essa chave?