Akuyaku Reijou Level 99 Watashi wa Ura-Boss desu ga Maou dewa Arimasen - 17

Certo dia, em um certo salão da Capital Real, algumas dezenas de homens se reuniram. Eram todos aristocratas da facção do duque, também conhecidos como radicais. Seguros de que a sala era à prova de som e que nenhuma de suas vozes vazaria, eles estavam discutindo como poderiam fazer com que o segundo príncipe, Edwin, sucedesse ao trono.

“O segundo príncipe ainda afirma não ter interesse no trono”, murmurou um deles.

Outro zombou. “Isso não pode ser verdade! Como alguém poderia não querer a mais alta posição de poder no reino?”

“Ele deve ser cauteloso com aqueles da facção do rei…” um terceiro refletiu. “Eles, provavelmente o próprio rei também. Parece que ele ainda pretende fazer com que o primeiro príncipe seja seu herdeiro.

Esses homens, que perseguiam o poder sem fim, pareciam realmente incapazes de compreender que o príncipe Edwin realmente não tinha interesse em reivindicar o trono – eles tinham certeza de que a única razão pela qual ele não participava de suas reuniões era porque ele era cauteloso dos seus adversários políticos. Eles podiam entender esse raciocínio, pois mesmo eles, que afirmavam fazer parte da facção do segundo príncipe, responderiam “Não”, sem vacilar se lhes perguntassem se sua lealdade estava com o Príncipe Edwin.

À medida que a conversa continuava, a discussão mudou para como eles poderiam se beneficiar do próprio plano.

“Se assumirmos o controle do reino, poderemos varrer aqueles que estão em nosso caminho”, disse um dos homens com um sorriso.

“De fato”, concordou outro. “Talvez devêssemos prosseguir e decidir quais de nós se tornarão ministros?”

“Você deve estar de olho no cargo de ministro das finanças”, comentou um terceiro homem.

O segundo homem recostou-se na cadeira, rindo. “Ah, não, um novato como eu não ousaria se tornar ministro… Embora eu tenha várias coisas que gostaria que o novo ministro das finanças deixasse de lado.”

O terceiro homem ficou pensativo. “Pessoalmente, acho que gostaria de uma posição militar.”

“Bem! Se você se tornasse um general, unir o continente poderia estar ao nosso alcance! Por favor, considere comprar provisões militares do meu domínio.”

Os homens sorriram um para o outro, seus sorrisos se tornaram repulsivos com a ganância. Estava claro que a sua imaginação estava repleta de um futuro glorioso onde os seus nomes ficariam na história, um futuro onde eles estivessem próximos dos membros centrais do reino e pudessem fazer o que quisessem, pudessem exercer tanta autoridade quanto desejassem. Alguns até foram envolvidos em visões de si mesmos como comandantes de um enorme exército, construído pelo Reino de Valschein.

Estimulados pelo bom humor, os homens trouxeram álcool, ignorando o fato que era no meio do dia. Um aristocrata provinciano circulava e servia os outros — fazia anos que não voltava aos seus domínios e deixara a sua gestão inteiramente nas mãos de um deputado.

“Aqui está, por favor, beba”, ele disse alegremente. “Esta garrafa maravilhosa acabou de chegar.”

Um dos homens aceitou uma taça com um aceno de agradecimento. “Que atencioso da sua parte!” ele disse apreciativamente. “Mas, voltando ao nosso último tópico, que tipo de posição você quer?”

“Bem…eu gostaria de mover meu domínio um pouco mais perto da Capital Real, se possível…” o aristocrata provinciano disse, com voz pensativa.

As sobrancelhas do outro homem franziram-se em confusão. “Hum? Mas você não voltaria a ele independentemente de sua proximidade, não é? Por que não apenas aumentar o tamanho do seu domínio?”

“Ah”, respondeu o homem. “Eu poderia fazer isso, você está certo. Meu domínio é bastante pequeno, então tenho lutado para conseguir uma quantia grande o suficiente em termos de receita. Isso me colocou em apuros. Talvez eu devesse aumentar os impostos novamente…?”

“Você tem certeza sobre isso? Acredito que me lembro de você falando sobre criá-los há pouco tempo. Você deve ter cuidado para que uma rebelião não ecloda.”

O aristocrata provinciano dispensou o outro homem. “Haha, tudo que tenho que fazer é fazer de uma ou duas aldeias um exemplo. Assim que eu deixar claro que estou disposto a destruir suas casas, eles entrarão na linha rapidamente.”

Nenhum dos outros homens reagiu à declaração do aristocrata provinciano. Eles aceitaram a visão dele de seu domínio, como um lugar que existia apenas para gerar receitas, sem pensar duas vezes. E assim, eles continuaram a se divertir enquanto o homem engolia um gole do vinho que havia trazido – um vinho que havia sido comprado com o sangue de seus cidadãos.

O tema da discussão mudou mais uma vez, desta vez para a filha de o homem que liderou sua facção, o duque de Hillrose.

“Então, é verdade que Lady Eleanora não está visitando o príncipe?”

“Sim”, disse um segundo homem. “Eu ouvi isso da minha filha, então não há dúvidas.”

“Hm, bem, uma garota como ela com alguns parafusos faltando deveria apenas fazer o que dizemos”, disse outro homem, com desgosto na voz.

“De acordo com minha filha, ela mudou desde que conheceu a garota Dolkness na Academia”, disse o segundo homem, encolhendo os ombros. Pensando na desobediente garota de cabelos negros, os homens na sala ficaram frustrados.

O pai de Yumiella, o anterior conde de Dolkness, muitas vezes se juntava a eles nas reuniões, mas como ele era apenas mais um aristocrata provinciano sem posição oficial na Capital Real, ele não tinha uma boa reputação com o resto do grupo. Isso foi até que sua filha, Yumiella, revelou ter um raro nível de força. Depois disso, os homens que antes desprezavam o conde começaram a cortejar fervorosamente seu favor, implorando-lhe que casasse sua filha com alguém de sua família.

Mas Yumiella acabou evitando a influência dos pais e, em vez disso, tornou-se amiga do rei. O status do conde despencou mais uma vez e, à medida que se espalhavam os rumores de que Yumiella se juntaria ao rei em uma guerra, sua influência diminuiu ainda mais. Com as costas contra a parede, ele tentou assassinar a própria filha, apenas para falhar e perder o título.

“Maldita seja aquela garota e seu cabelo preto,” um dos homens cuspiu. “Essa coisa está no mesmo nível dos monstros.”

Os lábios de um segundo homem se curvaram. “Eu concordo, ela é completamente sinistra. Ouvi dizer que ela se formou na Academia, mas não tenho certeza do que ela tem feito desde então.”

“Bem… Ela aparentemente está voltando para o campo para trabalhar como proprietária do condado.”

O primeiro homem piscou. “O que ela está pensando? Ela entrou no lado ruim do rei ou algo assim?

Os homens da facção radicalista viam a Capital Real como suprema e não consideravam nada mais prestigioso do que trabalhar num cargo oficial no governo central do reino – não conseguiam sequer imaginar que alguém escolheria mudar-se para o campo. Imediatamente, eles decidiram acelerar seus planos, alimentados pela ideia de que Yumiella havia caído nas graças do rei.

É verdade que seus planos só existiam verdadeiramente em sua imaginação. “Esta seria uma boa oportunidade para atraí-la para o nosso lado, não seria?” um dos homens disseram com entusiasmo.

“Com certeza seria”, outro concordou. “Foi apenas devido a proteção do rei de que ela não queria se juntar a nós até agora.”

Um terceiro homem riu. “Imagino que os membros da facção do rei ficarão absolutamente horrorizados se a convidarmos para se juntar a nós.”

“Com o que devemos atraí-la? Dinheiro? Status? Honra? ”

A discussão dos aristocratas radicais tornou-se acalorada de uma forma que raramente acontecia em suas outras sessões. Quando todos começaram a expressar suas opiniões e a discutir uns com os outros no meio da sala, uma voz solitária gritou de fora do círculo, fazendo com que todos ficassem em silêncio.

“Eu cuidarei de Yumiella”, disse a voz.

Os homens no centro da sala se viraram, seus olhos se voltando para um canto que deveria estar desocupado, mas não estava. O dono da voz ficou ali, observando todos eles – era o líder deles, considerado o homem mais poderoso além da própria família real: o duque Hillrose.

“Há algum tempo que ouço suas conversas”, comentou o duque preguiçosamente. “Parece que você está se divertindo.”

Todos os homens ficaram pálidos ao ver o líder da facção. Todos foram fortemente lembrados de como haviam falado mal da filha dele, Eleanora, apenas alguns minutos antes.

“Popopo-por-que, olá, senhor,” um dos homens gaguejou. “Porque você não disse algo se estava aqui?”

“Vamos, sirva uma bebida para ele!” outro homem ordenou. “Você se junta a nós tão raramente, senhor, que eu diria que isso merece uma celebração.”

“Não há necessidade de pânico”, disse o duque, suas verdadeiras intenções escondidas atrás de um sorriso estampado. “Não estou nem um pouco irritado.”

E, de fato, ele realmente não parecia se importar com os comentários rudes que os homens faziam sobre sua própria carne e sangue. Assim que perceberam sua apatia, os homens soltaram um suspiro coletivo de alívio.

Os olhos do duque dançaram sobre os membros de sua facção, um sorriso malicioso de repente distorceu seus lábios. “Como eu estava dizendo”, ele continuou, “deixe Yumiella Dolkness comigo.”

Os homens soltaram uma comemoração.

“Chegou a hora do duque agir!”

“Finalmente, nós, membros da sua facção, podemos nos sentir seguros!”

O duque observou os homens enquanto eles cortejavam seu favor, sua mente demorando-se o plano que ele vinha se preparando para executar desde que era estudante. Ele estava determinado a usar tudo o que pudesse para realizá-lo e destruir tudo o que encontrasse em seu caminho – fosse seu obstáculo os aristocratas bem à sua frente, a família real ou até mesmo Yumiella Dolkness.

Olhando pela sala mais uma vez, quase como se estivesse avaliando seus homens, o duque murmurou: “Parece que finalmente chegou a hora”.